quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

O fim da liberdade de expressão nos campi americanos


"No Wall Street Journal do final de semana passado, Heather MacDonald escreve o seguinte sobre o atual problema das universidades americanas cancelando palestras de conferencistas cujas opiniões não concordam com as delas:
A intolerância no campus é em sua origem não um fenômeno psicológico, mas ideológico. Em seu centro está uma visão de mundo que percebe a cultura ocidental como endemicamente racista e sexista. O objetivo preponderante do sistema educacional é ensinar jovens que se encontram em uma lista sempre crescente de classificações de vítimas oficiais a se considerarem existencialmente oprimidos.
MacDonald está 100% correta – eu fiquei cara a cara com este fato apenas duas semanas atrás quando discursei no Bard College em Nova York.
Antes, um pouco de contexto. Em outubro de 2015, fui convidada pelo Williams College – depois desconvidada, e em seguida convidada de novo (eu recusei) – para falar em nome do programa "Aprendizado Desconfortável". Após o cancelamento do convite, a Fox News publicou o discurso que eu tinha planejado dar, e a partir daí outras redes de notícias ao redor do país começaram a se interessar sobre o assunto.
Desde então, tem havido cobertura contínua sobre a insanidade que os chamados palestrantes controversos são forçados a suportar quando concordam em falar sobre Coisas Que São Verdadeiras Mas Jamais Devem Ser Ditas.
Depois de saber do fiasco no Williams College, um estudante do Bard College começou um programa semelhante ao do Williams e o chamou de "Conversas Difíceis". Quando me pediu para discursar, esse estudante me garantiu que o convite não seria cancelado. "Os estudantes do Bard não fazem essas coisas", escreveu em um e-mail.
E ele estava certo. Não houve nenhum cancelamento, e não houve protestos. Ninguém se feriu, nem fui interrompida enquanto falava. Foi tudo muito civilizado.
Quem dera esse fosse o final da história, mas não foi. Não pode ser. Pois embora eu louve o Bard College por me convidar e por ser civilizado, isso não basta para ser digno de aplauso. O propósito de ter um palestrante é que os estudantes aprendam alguma coisa, e não acredito que os estudantes tenham aprendido algo. Não é que eu não tenha defendido direito meu ponto de vista – falei sobre os fracassos do feminismo – mas por causa do que MacDonald escreveu.
O sistema educacional e seus lacaios impressionáveis vêem a cultura ocidental como inerentemente sexista. Desta forma, tudo que eu disse a favor da América, e em particular dos homens americanos, caiu em ouvidos surdos.
Eu desconfiei desde o momento que adentrei a sala que tal seria o caso, pois havia mais estudantes de cor do que estudantes brancos. E o feminismo é um jogo de mulher branca.
Seja como for, fui em frente. Que mais poderia fazer?
Minha mensagem geral sobre igualdade de gênero foi que esta era fútil por uma razão: ela ignora a biologia. Citei até mesmo a feminista dissidente Camille Paglia e mostrei aos estudantes um vídeo dela e Christina Sommers dizendo a mesma mensagem.
No entanto, de algum modo a seção de perguntas e respostas descambou numa discussão sobre raça, privilégio branco e "fluidez" de gênero. E ao invés de redirecionar os estudantes, tomei uma decisão imediata e respondi às questões de frente.
Quando lhes disse que é impossível mudar o sexo de alguém, que o sexo não é um sentimento mas um fato biológico, houve um arquejo coletivo na audiência. Afinal, está na moda acreditar que ser homem ou mulher é um rótulo arbitrário que enfia a pessoa dentro de uma caixa. Os estudantes acreditam nisso tão enfaticamente que era eu que parecia estar fora de órbita.
Não foi diferente quando a conversa se moveu para o conceito em voga conhecido como "masculinidade tóxica". Essa é a teoria de que "homens jovens carregam uma semente demoníaca dentro de si mesmos a qual apenas feministas sabem como remover", conforme escreve Chris Beck em "Feminismo Agora É Tóxico".
É exatamente isso o que os estudantes queriam que eu aceitasse. Uma mulher jovem foi direta em sua alegação de que os pais ensinam seus meninos a não expressarem suas emoções, e, como resultado disso, a masculinidade se torna "tóxica".
Depois de dar a entender que seu argumento seria melhor recebido se ela mesma fosse mãe, eu disse a essa estudante que os garotos e os homens tendem a ser estóicos por natureza – e que esta característica tinha vantagens pois havia tempos quando era melhor não ser emocional. Lutar nas guerras de nossa nação é um exemplo, eu disse.
Isso foi recebido com um espanto maior ainda. Era como se eu fosse um alienígena de outro planeta que não pudesse entender como as coisas funcionavam na terra. Era tarefa dos estudantes me esclarecerem, em outras palavras, e não o oposto.
E assim me achei em conflito sobre meu tempo passado no Bard. Sim, o silenciamento da expressão é um problema enorme nos campi nos dias de hoje – e o Bard realmente se destaca acima da confusão. Mas como MacDonald acrescenta, e como minha visita ao Bard o comprova, o silenciamento da expressão é apenas um sintoma de um fenômeno muito maior nos campi das faculdades: uma "profunda distorção da realidade".
No fim das contas, então, não importa se palestrantes são silenciados ou não. Porque as universidades estão tão divorciadas da realidade que elas não podem imaginar uma palavra do que aqueles palestrantes iriam dizer."
(Suzanne Venker, Campus Free Speech Is The Least Of It: What I Learned From My Visit To Bard)

Original em: http://dailycaller.com