sábado, 13 de fevereiro de 2016

Otimismo ou esperança

“Freqüentemente escutamos nossos amigos e familiares, ao falarem sobre uma situação difícil, seja pessoal, do mundo ou da Igreja, que temos que ser otimistas. Também se nos diz que ao sermos cristãos jogamos do lado vencedor, pelo que não temos de nos preocupar já que as coisas necessariamente vão se ajeitar, ou que devemos pensar que situações particulares difíceis vão ter um final feliz se confiamos adequadamente.
Estas observações, tão arraigadas no catolicismo moderno, ou melhor no catolicismo modernista, têm sua causa no imanentismo no qual fomos educados nas últimas décadas. E assim este otimismo que se pretende cristão não se apóia na realidade e na lógica sucessão dos acontecimentos, mas em um voluntarismo radical que deixa a Deus as tarefas que correspondem a nós, ou supõe que Ele suspenda as próprias leis da natureza para estas situações que consideramos justas e portanto dignas da intervenção divina.
Esquecido então o realismo tomista para ser substituído pelo sentimentalismo carismático que tem raízes indubitavelmente protestantes, não admira que, diante do fracasso de nossas expectativas, colocadas já não na providência divina mas em nossos desejos, se produza o abandono da fé por considerar que esta se põe em um Deus que nos desapontou ou, em casos mais extremos, leve-nos ao desespero que pode inclusive terminar em suicídio.
Se a graça assume a natureza, não pode ser lógico que todas as situações cotidianas se resolvam com intervenções extraordinárias de Deus, como seria o caso dos milagres. Desta forma, muitas vezes cremos que somente com nossas orações e boas intenções mudaremos o rumo natural dos acontecimentos e até dobraremos a vontade do malvado. Tudo isto dizemos sem negar de nenhuma maneira a eficácia das orações que têm que ser sempre o princípio de toda ação ou, quando esta não seja possível, o último recurso, pondo nas mãos de Deus o destino final de tais casos.
Esta perda de objetividade nos leva a substituir a esperança por este otimismo baseado exclusivamente em nossos desejos. A esperança também implica um desejo, mas não perde de vista a gravidade da situação para poder enfrentá-la adequadamente. Muito mais peso tem a esperança, se nos referimos à mesma como virtude teologal, já que, deste modo, pomos nossos desejos na correta perspectiva ao buscar um destino transcendente, deixando de lado os desejos imanentes. Assim diz o Catecismo n° 1817: “A esperança é a virtude teologal pela qual aspiramos ao Reino dos céus e à vida eterna como felicidade nossa, pondo nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não em nossas forças, mas nos auxílios da graça do Espírito Santo.
Assim, se entendemos que temos que buscar como fim último nossa salvação eterna, bem supremo por excelência, deixaremos de lado a busca desesperada do acréscimo para nos concentrarmos no que realmente importa, a busca do Reino, já que, como podemos perceber no otimismo que sempre é voluntarista, não se faz o pedido, confiando à vontade divina o que mais nos convenha, mas que queremos sujeitar a vontade de Deus a nossos desejos, não deixando de nenhum modo lugar à Providência.
Em tempos onde só se promove o laicismo maçônico, o materialismo tanto marxista como capitalista, o relativismo moral e religioso, o abandono da ordem natural para substituí-lo pela desordem convencional, todos baseados em expectativas puramente humanas, não devemos deixar de dizer com esperança “Venha a nós o Vosso Reino”, e desse modo entender que não é a vitória que nos corresponde, mas a luta pela causa de Deus e, abandonando todo otimismo imanentista, pensar em que não seremos julgados por nossos triunfos, mas pelas feridas que adquirimos no Bom Combate pela defesa dos Direitos de Deus.”

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