sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

A aparição dos espíritos das trevas na hora da morte

“Além do que já foi mencionado, a terrível aparição dos espíritos malignos torna a morte ainda mais alarmante para nós. É opinião de muitos dos Padres que todo homem, quando expira, vê o inimigo maligno, pelo menos no momento de exalar seu último suspiro, quando não antes. Quão assustadora é tal imagem, e com que terror deve afetar os moribundos, excede o poder das palavras. Conta-se do Irmão Egídio que um dia, quando orava em sua cela, o diabo apareceu-lhe sob forma tão aterradora, que o Irmão perdeu o poder da palavra, e pensou que sua última hora havia chegado. Como seus lábios não podiam emitir nenhum som, elevou seu coração em súplica humilde a Deus, e a aparição foi embora. Depois, quando contava aos irmãos monges o que lhe havia sucedido, tremia da cabeça aos pés enquanto descrevia o aspecto medonho do adversário da humanidade. Então, dirigindo-se a São Francisco, fez-lhe esta pergunta: “Pai, já chegaste a ver algo neste mundo cujo aspecto fosse tão assustador que seria capaz de matar quem o visse?” E o santo respondeu: “Cheguei, sim, a ver algo desse tipo; não é ninguém menos que o diabo, cuja aparência é tão nojenta que ninguém poderia olhar para ele ainda que de relance sem morrer, a menos que Deus o capacitasse especialmente para isso.”
São Cirilo também, escrevendo a Santo Agostinho, conta o que um dos três homens que voltaram dos mortos lhe revelou: “Quando se aproximou a hora de minha partida, uma multidão de demônios, infinitos em número, vieram e se postaram ao meu redor. Suas formas eram mais horrorosas do que qualquer coisa que a imaginação possa conceber. Seria preferível queimar no fogo que ser obrigado a olhar para eles. Esses demônios amontoavam-se ao meu redor e me censuravam todas as faltas que havia cometido, tentando levar-me ao desespero. E de fato teria sucumbido, não tivesse Deus em Sua misericórdia vindo em meu auxílio.”
Aqui temos o testemunho de alguém que realmente aprendeu com sua própria experiência quão horrorosa é a aparência do inimigo maligno, e que declara que nada pode ser mais horrível que a forma assumida pelo demônio.
Ó meu Deus! Como são espantosos os terrores que tomarão posse do infeliz indivíduo que jaz à beira da morte quando o dragão infernal aparecer, pleno de fúria e ameaçando engoli-lo entre suas mandíbulas ardentes.
Nessa hora de angústia suprema, enviai-me meu anjo da guarda, ó Deus, eu Vos peço, para que afaste o inimigo maligno, do contrário cairei infalivelmente em desespero e perderei toda esperança de minha salvação.
Ó santíssima Virgem Maria!, que esmagaste a cabeça da serpente, está comigo na hora de minha morte e não permitas que a presença do cruel adversário provoque minha perdição eterna.”
(Pe. Martin von Cochem, O.S.F.C, The Four Last Things)