sábado, 21 de fevereiro de 2015

Catolicismo e esoterismo

“Jesus nos ensinou: “não há nada escondido que não venha a ser conhecido. O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz, e o que escutais ao ouvido, proclamai sobre os telhados” (Mt. X, 26-27). Essa é a natureza do catolicismo genuíno e realmente anti-subversivo e anti-revolucionário. O segredo do catolicismo é de não ter segredos, tudo o que é escondido, secreto, esotérico não tem nada a ver com o cristianismo e com a verdade, que em grego se diz a-leteia, ou seja, não-escondido. Igrejas católicas estão abertas a todos, os sacramentos são públicos, os sacerdotes se fazem conhecer como tais, a sua doutrina é pregada toda inteira a todos os fiéis. Não existe um nível iluminado, superior ou desconhecido, reservado aos eleitos, aos iniciados ou àqueles que sabem, quer dizer, aos “gnósticos”. O esoterismo é totalmente estranho ao catolicismo. Pode haver pequenos lunáticos marginais ou “iluminados” tentados pelo ocultismo considerado aristocrático, mas eles estão fora da estrada do catolicismo e do Evangelho. Os gnósticos, os iniciados, os esotéricos ostentam, por vaidade, supostos segredos que eles não têm, mas que são fábulas e rejeitam a Revelação pública divina dos verdadeiros segredos ou mistérios sobrenaturais, que superam infinitamente a capacidade do conhecimento humano. A semelhança de Cristo é o caminho da salvação para todos os homens. Mas esse é um dom gratuito de Deus à criatura, que, imitando o Verbo encarnado que se tornou o Homem das Dores, pode se tornar um filho adotivo de Deus. A pretensão esotérica de ser semelhante a Deus, mais do que aos outros homens e crentes comuns, é a estrada que leva à danação. O esoterismo é a contradição per diametrum do cristianismo. De fato, o cristianismo é a religião de Deus que se fez homem para salvar o homem pecador, enquanto o esoterismo é a contra-igreja do homem que pretende fazer-se Deus de si mesmo por meio da gnose. Santo Agostinho nos adverte: “Tu, homem, quiseste ser Deus e te perdeste; Ele, Deus, quis fazer-se homem para recuperar o que tinha se perdido.” (Sermão 188, c. 3, PL XXXVIII, 1004). Então, nós proclamamos com São Paulo: “Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos” (I Cor , I, 23).”
(Don Curzio Nitoglia, Il Tradizionalismo Esoterico: Joseph de Maistre, Una Nuova Edizione de “Le Serate di Pietroburgo”)