terça-feira, 22 de julho de 2014

O PT e a Petrobrás

Dedinho de Prosa 1
Você lembra, há sete anos atrás, nosso então presidente afirmando que, pela primeira vez na história deste país, o Brasil alcançou a auto-suficiência na produção de petróleo?
Eu lembro.
E qual é a verdade passados 7 anos?
A verdade é que a Petrobrás tem produzido cada vez menos, mesmo encontrando cada vez mais jazidas.
Só em 2012 o Brasil importou R$ 15 bilhões em derivados de petróleo.
Nesses mesmos 7 anos a balança comercial do petróleo e derivados apresentou um déficit superior a R$ 57 bilhões. Para se ter uma idéia, esse número é maior do que os R$ 50 bilhões que o governo pretende investir esse ano em Infra-estrutura.
Em 2012 a produção da Petrobrás caiu 2%.
Começamos 2013 pior ainda: A produção de janeiro caiu 3,3% e fevereiro recuou 2,25%.
A Petrobrás está “crescendo” que nem rabo de cavalo: pra baixo.
Dedinho de Prosa 2
Você lembra que a primeira coisa que o presidente Lula fez (depois de ter tomado um Romanée Conti) foi cancelar as compras das plataformas para a Petrobrás que o antigo presidente tinha feito, pois era um absurdo comprar coisas do estrangeiro enquanto nossa indústria naval está sendo sucateada?
Eu lembro.
E qual a verdade passados 10 anos?
A verdade é terrível e passa pelo que esse governo aprendeu a fazer (não sei como): Maquiagem de balanço.
Esse governo atual levou a Petrobrás ao limite máximo, e perigoso, de endividamento, ou seja quase 3 vezes a sua geração de resultados.
Assim, decidiram não mais endividá-la, contabilmente, e como cada plataforma custa R$ 3 bilhões, cancelaram as compras nacionais, levando o SINAVAL – Sindicado Naval – a denunciar a perda constante de postos de trabalhos.
E como estão fazendo?
Simples! Em vez de comprar, alugam. Assim, a contabilização é em despesa e não em passivo a pagar.
Mas quanto fica esse aluguel? Mais barato que comprar?
Em 2011 a Petrobrás gastou R$ 4 bilhões em locação. Em 2012, R$ 6 bilhões.
Mas pelo menos contrataram-se empresas brasileiras?
Todas as locações de plataformas são de empresas estrangeiras.
Na realidade não sei se isso é maquiagem do balanço ou maquiagem do destino final do dinheiro.
Dedinho de Prosa 3
Você lembra que o PT, para ganhar as eleições, diz o tempo todo que é contrário às privatizações? E que exemplo de gestão pública é o caso da Petrobrás?
Eu lembro.
E qual é a verdade?
A resposta já seria fácil só pela simples leitura do acima. Mas deixem-me prosear mais um causo.
Em 2006 uma empresa belga comprou uma falida refinaria no Texas por US$ 42 milhões. Poucos meses depois essa empresa vendeu essa refinaria por US$ 1,2 bilhão. Adivinhe quem foi o felizardo comprador? Isso mesmo, a nossa Petrobrás.
Passado pouco tempo, acredite, a Petrobrás verificou que tinha feito um mau negócio e resolveu vender tal refinaria. Mandou avaliar. Foi avaliada por menos de US$ 100 milhões. Colocou à venda. O Tribunal de Contas da União resolveu investigar essas estranhas negociações que gerariam um prejuízo de mais de US$ 1 bilhão. A Petrobrás suspendeu imediatamente a venda. Só no balanço do ano passado constam mais de R$ 450 milhões de despesas com essa estupenda refinaria.
Mas isso são negócios no exterior. Como são os negócios da Petrobrás no Brasil? São rentáveis?
Mais ou menos.
O antecessor da Dilma, aquele aposentado por invalidez (lembra, aquele que não tinha um dedo), selou um acordo com outro ex-presidente, grande estadista, o Chávez (infelizmente esse já morreu), para construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, terra natal do vivente. Os dois calcularam, na ponta do lápis, o desembolso da Petrobrás nessa parceria: R$ 5 bilhões.
Qual a realidade atual?
O último relatório da Petrobrás aponta um custo até hoje de R$ 35 bilhões.
Mais duas prosinhas:
Nas vésperas de eleições o nosso nordestino presidente lançou a construção de duas Refinarias Premiuns. Onde? Uma no Maranhão e outra no Ceará. E como estão? Projetos suspensos. Por quê? Agora constatou-se que não há certeza da rentabilidade na operação dessas refinarias.
Vendo tudo isso, me rebelo: Deus foi injusto em levar o Chávez.
Dedinho de Prosa 4
Você se lembra da cena daqueles 4 dedinhos sujos de petróleo? Aquele nosso ex-presidente em cima de uma plataforma sujando a mão no óleo (acho que foi a única vez na vida) para convencer os trabalhadores a retirarem o dinheiro do FGTS e investirem na Petrobrás?
Eu lembro.
E o que aconteceu?
Os trabalhadores perderam 50% do patrimônio que retiraram do FGTS.
Mas como isso aconteceu?
O Mercado Financeiro, que não é controlado ou subornado por ninguém, começou a perceber que empresa é de fato a Petrobrás e sua avaliação não pára de cair.
O Mercado, e os investidores, perceberam que a empresa está sendo manipulada com intuitos puramente políticos, ou como “cabides de empregos” ou para mascarar a inflação, não reajustando seus preços a parâmetros internacionais.
Pior ainda.
A Petrobrás ajuda nosso país vizinho, a Argentina, a aprimorar essa prática de mascarar a inflação.
Como assim?
Simples: na Argentina a gasolina é vendida nos postos a aproximadamente o equivalente a R$ 0,98 o litro (aqui você sabe que pagamos em média R$ 2,80).
Como consegue isso?
A Petrobrás exportou, durante anos, para a Argentina gasolina a R$ 0,65. Detalhe: exporta gasolina limpa, sem misturas com álcool ou outros aditivos.
É por essas, e outras, que a Petrobrás é uma amostra do que acontece na administração total do nosso país, inclusive levando o Brasil a registrar um déficit na balança comercial, no primeiro trimestre de 2013, de US$ 5,1 bi, algo que não acontecia há 12 anos.
Este ano a Petrobrás completará 60 anos. Teve como seu slogan mais forte: O Petróleo é Nosso.
A pergunta atual é: e o dinheiro vai pra quem?
Dedinho de Prosa 5
Peraí – estará dizendo meu infortunado leitor – o título preconiza 4 dedinhos de prosa e você chegou no 5 !!!
Pois é. Eu tenho 5 dedos em cada mão. Eu trabalho honestamente e não estou aposentado. E não poderia deixar de relatar minha visão sobre o futuro da Petrobrás, sua atual direção e o pré-sal.
Atualmente a Petrobrás é presidida por Graça Foster. Nasceu no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, começou a trabalhar com 21 anos como estagiária na Petrobrás, formou-se em engenharia na Universidade Fluminense, foi promovida para engenheira de perfuração e hoje é presidente da Petrobrás. Ah, quase esqueci o mais importante, de 2003 a 2005 acumulou também a função de secretária da Dilma.
Com essa vasta experiência acadêmica, profissional, internacional e de gestão, a Graça fechou o balanço da Petrobrás de 2012 apresentando um Passivo a Pagar de R$ 332,3 bilhões, tendo apenas como Ativo Realizável R$ 118,1 bilhões. Ou seja, a Petrobrás deve 3 vezes o que tem em caixa. Apresentou também em 2012 o menor lucro dos últimos 8 anos, R$ 20,9 bilhões, embora a receita bruta cresça em torno de 20% ao ano.
Diante desse cenário, a Graça resolveu “gerar” dinheiro, pois serão necessários para o pré-sal R$ 237 bilhões até 2016.
Tanto investimento no pré-sal, mas ele dará retorno?
Ninguém sabe.
Veja:
De 1980 a 2004, o barril de petróleo era negociado a US$ 40. De 2004 a 2009 a US$ 70 e hoje na casa dos US$ 90. Mas essa cotação está caindo pois as reservas mundiais de petróleo estão abarrotadas. Os EUA estão com o dobro da capacidade estocada. A tendência é de queda. Cada vez mais se descobrem, e são adotadas, novas alternativas energéticas.
Aí que mora o problema.
O petróleo do pré-sal custa em torno de US$ 50 a 70 para ser extraído.
E se o preço internacional cair abaixo disso? Gastaremos mais para vender por menos? E as outras soluções energéticas que estão chegando?
Mas a Graça tem que dar continuidade ao projeto, tem que gerar dinheiro. Mas como?
Vendendo os ativos da Petrobrás, atitude essa que qualquer empresa em fase pré-falimentar faria.
Ah, vendendo ativos não operacionais e defasados?
Não!
Vendendo tudo que gera energia renovável, como parques eólicos, centrais hidrelétricas e termelétricas.
Mas isso tem lógica? Ela decide tudo isso sozinha?
Não!
Ela recebe ordens do Presidente do Conselho de Administração da Petrobrás: Sr. Guido Mantega.
E o Mantega responde a quem?
Bem, o chefe continua em plena atividade. Nos últimos meses, de jatinho particular, ele está “ajudando” o amigo Eike Batista e seu diretor Pires Neto (afastado no ano passado do Ministério dos Transportes por escândalos ligados aos mensaleiros) a vender sondas petroleiras que a OGX comprou no exterior e que não têm utilidade. E o “coitado” do Eike pediu auxílio ao companheiro pois as ações da OGX já caíram 90% este ano.
Adivinha como vão ajudá-lo? Adivinha para quem eles estão tramando a venda dessas inúteis sondas?
Petrobrás.
O chefe deu mais ordens: Em agosto de 2012 a Dilma lançou o “pacote ferroviário” de R$ 91 bilhões. Teria como principal meta escoar o petróleo do pré-sal. Advinha qual foi o principal beneficiado com as primeiras estradas de ferro?
Eike Batista.
Pior. Além de utilizarem dinheiro público para atender uma empresa privada, fizeram um acordo chamado Modelo Ferroviário.
Sabe como funciona?
Simples:
Por esse Modelo o Eike não precisará colocar nenhum centavo para o transporte. O governo pagará tudo. Funcionará assim: uma empresa constrói as ferrovias; o governo compra toda a capacidade de transporte e repassa para as empresas interessadas em usar os trilhos. Se não houver demanda, ou se for parcial, o governo paga totalmente a conta.
Não é um excelente negócio?
Não para a Petrobrás. Não para o País. E bom para...

Depois de relatar tudo isso, se você ainda estiver lendo, e eu puder dar um conselho antes das próximas eleições, aí vai:
Não compre ações da Petrobrás.
(Marco Antonio Pinto de Faria, 4 Dedinhos de Prosa sobre a Petrobrás – Uma Visão Contábil, Econômica e sobre o Futuro)

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