sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Pe. Patrick Girouard e a duvidosa validade das ordenações na Igreja conciliar

"Hoje é o Quinto Domingo depois de Pentecostes. É muito interessante, como lhes disse muitas vezes, quando se lê o Evangelho, deve-se dar atenção a cada palavra, porque indicará algo que talvez não se reconheceu ou não se entendeu à primeira leitura se não se teve cuidado de analisar cada palavra. E hoje vou falar um pouco sobre a Epístola de São Pedro.
O interessante é que São Pedro diz que fomos chamados a uma bênção. Fomos chamados à herança de uma bênção. Em latim, se diz “benedictio”, que vem de “benedicere”, que significa “bene” - bem, bom, e “dicere”, dizer, falar. Então “benedicere” significa falar bem a alguém. Em outras palavras, desejar-lhe o bem, falar-lhe o bem. Essa é a tradução exata de “benedicere”, e essa palavra, o verbo “benedicere”, desejar o bem, falar o bem a alguém vem da palavra bênção.
E temos que analisar cada palavra: Primeiro, fomos chamados a uma herança de bênção. Se analisamos essas três expressões, essas três palavras, entendemos pela palavra herança que se supõe que devemos herdar uma bênção, ser herdeiros de uma bênção de Deus. Mas fomos chamados a ela. Ora, isso é uma diferença! Quer dizer: não temos direito a essa bênção. Não somos, falando propriamente, filhos de Deus nesse sentido. Nós o somos, porque somos criaturas, mas para termos essa herança da bênção de Deus, fomos chamados a isso. Deus nos chama, não temos direito mas fomos chamados a isso, portanto somos filhos de Deus por adoção.
Chamou-nos para sermos Seus filhos, para que o sejamos, para que estejamos dispostos a nos tornarmos Seus filhos adotivos. É um chamado. Não temos direito a isso. Falando propriamente, somente o Verbo de Deus, Nosso Senhor – porque Ele está unido com a União Hipostática – é o Filho. Somente a Ele, Nosso Senhor, se deu tal herança. Mas nós fomos chamados a ela. Por misericórdia, pela bondade de Deus, Ele quer que recebamos, que herdemos Sua bênção.
Ora, que entendemos por bênção de Deus? Entendemos a maior bem-aventurança, o maior bem, porque tudo que Deus disse, acontece. Essa é a diferença entre nós e Deus. Dizemos muitas coisas, falamos muito, mas às vezes não nos damos conta do que prometemos. Mas quando Deus diz: "faça-se a luz", a luz é criada do nada. Quando diz: "Este é meu Corpo, este é meu Sangue", o pão já não é pão, o vinho já não é vinho, mudaram sua substância pela palavra de Deus colocada na boca de Seu Sacerdote. O que Deus diz, acontece, então quando Deus diz o bem, quando Deus diz coisas boas para nós, acontecem. Isso é o que entendemos por bênção de Deus, Deus diz coisas boas para nós, e elas acontecerão.
Já aqui na terra, damo-nos conta dessa bênção de Deus porque, por esse chamado à bênção eterna, estamos sendo benditos por Deus. Em nossas vidas, quando aceitamos esse chamado, experimentamos essa bênção, experimentamos a mudança para o bem. Experimentamos que Deus realize o que nos diz. Ele faz bem por nós com Sua palavra, e esta é uma preparação para a bênção final, a maior bênção. A que estará por toda a eternidade, nossa bem-aventurança no céu. Deus, como diz São Paulo, tem preparadas coisas que não podemos imaginar para aqueles a quem ama. Tratemos de imaginar, não podemos mas tentemos, se Ele é tão bom conosco agora, que fará no céu por seus amigos? Isso será um eterno, um maravilhoso processo de Deus falando coisas boas para nós, realizando coisas boas para nós. Como disse Nosso Senhor: no Juízo final, chamará seus amigos: "Vinde, benditos de meu Pai, vinde e gozai por toda a eternidade".
É por isso que somos filhos da bênção. É por isso que São Pedro diz: Em troca devemos fazer o mesmo por nossos irmãos. Também devemos bendizer as pessoas, não maldizê-las, não enojar-se, não dizer coisas más contra elas, mas tratemos de imitar a Deus em Sua paciência, tratemos de imitar a Deus em Sua bondade pelas pessoas. E de fato, Deus quer que não somente bendigamos, não somente que bendigamos os outros, mas que façamos o bem. Isso vem de benefacere: bene-bem, facere-fazer. Em Deus, é a mesma coisa. Dizer o bem, dizer coisas boas às pessoas e fazer coisas boas, em Deus é a mesma coisa. Em relação a nós, devemos "benedicere" e "benefacere". Devemos desejar o bem e fazer o bem. Nosso Senhor, no Juízo final, virá e dirá: "Vinde, benditos de meu Pai, receber a bênção". Se perguntamos por quê, Ele não dirá "Porque fostes um doutor em teologia", ou "porque fizestes milagres" ou qualquer coisa. Ele dirá: "Porque estive enfermo e me visitastes, estive na prisão e me visitastes, estava sofrendo e me consolastes, tive fome e me destes de comer". Em outras palavras, não somente é desejar o bem a nossos irmãos, mas fazer-lhes o bem.
E se queremos fazer o bem a todo mundo, então queremos salvar tantas almas quanto possível, esse é o maior bem que podemos desejar-lhes, sua salvação – que salvem suas almas. Uma das primeiras ações que podemos fazer para ajudá-las é dar-lhes os meios de salvação. Tratar de instruí-los, de fazê-los descobrir nossa fé, dar-lhes medalhas, dar-lhes um pequeno folheto, um pequeno livro sobre religião. Não tenham medo de mostrar sua Fé. E algumas vezes não custa muito ajudar alguém, porque quem fará verdadeiramente a transformação não seremos nós, por nossas palavras ou nossas ações. Será Deus quem o fará, mas Ele quer que participemos. Ele quer que tenhamos uma participação em sua bondade, em seu chamado à bênção.
Ele quer que haja a maior quantidade de pessoas possível recebendo e aceitando esse chamado. E então a maior caridade, às vezes, é com muita paciência e bondade em nossos corações dizer a alguém que ele ou ela não faz o que está bem. Dizer a verdade, não agir como se fosse normal, não agir como se o que faz essa pessoa é aceitável. É como com um menino ao qual não se fazem reprimendas, jamais poderá melhorar. E é o mesmo com nosso vizinho, às vezes uma pequena conversa, devem ser prudentes com as circunstâncias, mas pode chegar um momento que é o melhor para falar. Além disso deve-se rezar sempre por essas pessoas, evidentemente.
E, desgraçadamente, com o concílio Vaticano II isso mudou. Começaram a dar um amor falso, uma aparência de amor a seus irmãos, tratando de aceitá-los como eles são. Esse não é o verdadeiro amor, é induzi-los ao erro! E eles serão responsáveis. Eles serão responsáveis no Juízo final. Eles deverão responder a isto: "Por que deixastes de pregar a verdade? Por que deixaste de reprovar os malvados?" O papel da Igreja é realizar os dois. Pregar a luz e lutar contra a escuridão.
Temos um exemplo dessa mudança no novo ritual da Igreja conciliar. Obviamente que é o da igreja conciliar, não o da Igreja católica. O padre Gabriel Amorth falou desse novo ritual do qual estudou cada página, cada uma das 1.200 páginas desse novo ritual que chegou em 1995 aproximadamente. E disse que nas diversas orações e bênçãos, cada menção de um combate contra o diabo, cada oração para que Deus afaste os demônios, foi suprimida! Todas essas bênçãos! E assim já não se pode encontrar uma bênção para as casas, já não se pode encontrar uma bênção para os colégios. Suprimiram o que necessitávamos, retiraram do sacerdote o exercício desse poder, porque o sacerdote tem o poder! É uma lástima, mas se se suprimem de seu livro as bênçãos, todas essas orações poderosas contra o diabo, o sacerdote não pode exercer seu poder! Não suprimem o poder em si mesmo, mas o sacerdote não o pode exercer porque já não há nenhuma oração contra o diabo. Mas nós deveríamos abençoar, nós fomos chamados a uma herança de bênção. Nós temos que fazer como faz Deus, devemos desejar o bem e fazer o bem ao nosso próximo, mas a nova igreja o suprimiu.
Além disso, muitas vezes também temos que a nova igreja não somente suprimiu as orações do ritual, mas também o poder mesmo do sacerdócio. Dar-lhes-ei um exemplo... Quando estive em Winnipeg, Monsenhor Weisgerber, em sua página da internet, enuncia sua missão (como fizemos nesta página da internet. É uma missão muito diferente, creiam-me!). Então ele diz que está absolutamente convencido, que não cabe nenhuma dúvida, que não há nenhuma diferença entre o clero e os leigos. É o que ele chama de sua visão pastoral, e eu cito: "Não há nenhuma diferença entre o clero e os leigos". E ele explica por que faz essa afirmação e diz: Porque todos fomos batizados com o mesmo batismo e que todos temos o mesmo sacerdócio em virtude do nosso batismo. E diz que a única diferença que há entre o clero e os leigos é que o clero recebeu um certo poder de autoridade sobre os fiéis, de modo que o bispo diz: "E os vou ordenar e receberão uma autoridade sobre esta paróquia". Mas não há poder sacramental, não há diferença sacramental entre o clero e os leigos!
Ora, o grave problema com isso, é que agora está claro que aquilo em que ele crê é uma heresia, pelo que esse homem é provavelmente um herege, o grave problema é quando ele celebra uma ordenação (de vez em quando o faz, no decorrer de seus 10 últimos anos, não o sei, provavelmente ao redor de 5 ordenações). Não sei se lhe pediram para consagrar outro bispo, é possível, ele é um arcebispo mas devo verificar esse dado. Em todo caso, quer tenha consagrado bispos ou ordenado sacerdotes, existe uma dúvida positiva grave em relação à validade dessas consagrações e dessas ordenações. Porque se ele mesmo não crê que pelo sacerdócio, por sua ordenação, recebeu o caráter sacerdotal; se não crê que recebeu o poder de perdoar os pecados, se não crê que recebeu o poder de consagrar o corpo e o sangue de Nosso Senhor; se não crê que tem o poder de abençoar as pessoas e as coisas, podemos temer que quando efetua essas cerimônias possa recusar-se a dar tais poderes.
De fato, podemos crer, podemos temer que diria: "Antes, (no tempo de seu crescimento, pois agora tem ao redor de 70 anos), tinha-se o costume de dizer que como sacerdote se recebem esses poderes, mas eles são como que magia, coisas da Idade Média, é como em sentido figurado, uma espécie de superstição. Eu não vou dar isso, isso não existe!" Esse é o grande, grande problema. É por isso que temos verdadeiramente uma dúvida positiva sobre a validade dessas ordenações. Em razão dessa possibilidade, pois ele não daria esses poderes já que não crê neles.
Ora, quantos desses bispos no mundo compartilham essa mesma incredulidade? Por que não crêem? Porque é o que receberam em seus estudos, no seminário, obviamente. Isso é o que aprenderam nos novos seminários. Esse bispo não é o único que crê no que lhe ensinaram. E embora diga essas coisas em 2005, há 8 anos, não foi punido por Roma. Pois essa é a nova igreja à qual Mosenhor Fellay e os que o seguem querem que nos unamos. Que nos misturemos com hereges, que nos misturemos com pessoas que efetuam ordenações que são duvidosas.
Quantas pessoas hoje em dia na Igreja crêem que receberam os sacramentos mas não os recebem porque seu sacerdote não foi ordenado validamente, ou seu bispo? É difícil sabê-lo, sem dúvida muitas. Esta é a obra-prima de Satanás: Ter uma igreja que parece ter um sacerdócio mas que não o tem, e não há nenhum meio de sabê-lo com certeza! E agora eles querem que regressemos a essa igreja. E querem que nos unamos e nos misturemos com eles. E já não dizem isso que lhes digo, já não o dizem em nossos dias. A Fraternidade não deveria procurar ser reconhecida pela igreja conciliar. Devemos nos levantar e dizer-lhes: "Olhe o que disse esse arcebispo. É um herege. Que faz você a este respeito? Você deve reconsagrar, você deve reordenar seus sacerdotes".
Porque para os fiéis seria um pecado grave receber um sacramento duvidoso. Seria um pecado grave contra o Primeiro Mandamento ir à igreja tendo uma dúvida: "Está validamente ordenado este sacerdote? Está verdadeiramente consagrada esta Santa Hóstia?" Ir e receber a comunhão ali seria um pecado mortal. Se você tem essa dúvida, se você se diz: "Poderia não ser válido, mas vou recebê-la de qualquer jeito", é um pecado grave contra o Primeito Mandamento. Um pecado grave contra a honra e o culto devido a Deus. Porque você aceita receber e dar adoração a algo que poderia não ser Deus. Isso o diz a teologia moral.
Então, o que a Fraternidade deveria dizer à nova Roma era: "Olhai o que fizestes a vosso povo! Em vez de fazer-lhe o bem, em vez de bendizê-lo, de desejar-lhe o bem, retirastes as bênçãos, retirastes a proteção das medalhas, os sacramentos válidos, vós, por esse fato, estais no caminho do inferno". Isso é o que a Fraternidade deveria dizer.
Devemos orar pela Fraternidade, a fim de que seus dirigentes, no momento de sua morte, não sejam acusados por Deus de haverem participado, com seu silêncio, dos pecados da igreja conciliar."