sábado, 13 de julho de 2013

Quando rejeitaram Cristo, os judeus se tornaram revolucionários

“A Igreja não é e não pode ser de maneira nenhuma anti-semita, porque o termo se refere principalmente a raça e ódio racial. A Igreja não pode promover ódio racial a nenhum grupo, e certamente não aos judeus, porque seu fundador foi um membro desse grupo racial. No entanto, o Evangelho de São João deixa bem claro que há uma profunda e constante animosidade cristã contra os judeus que rejeitaram Cristo. Essa “Judenfeindlichkeit”, usando a palavra de Brumlik, é parte essencial do Catolicismo. A Igreja é hostil aos “judeus” porque eles se definiram a si mesmos como negadores de Cristo. A Igreja é anti-judaica, mas diferentemente dos judeus que, como explicou o rabino Soloveichik em First Things, crêem que o ódio seja uma virtude, ensina aos cristãos que amem seus inimigos. Os “judeus”, termo com que São João se refere àqueles judeus que rejeitaram Cristo, tornaram-se então inimigos dos cristãos, mas todos os judeus haviam sido transformados pela vinda de Cristo. Tinham que aceitá-lo como Messias ou rejeitá-lo. Os judeus que o aceitaram como tal se tornaram cristãos. Os judeus que o rejeitaram tornaram-se “judeus”.
E por que os judeus rejeitaram Cristo? Porque foi crucificado. Queriam um líder poderoso, não um servo sofredor. Os líderes judeus, Anás e Caifás, representando todos os judeus que rejeitaram Cristo, disseram-lhe que se descesse da cruz o aceitariam como Messias. Porque não podiam aceitar um Messias que sofre e morre em vez de restaurar o reino da maneira que eles queriam, quer dizer, de uma maneira carnal, os judeus que rejeitaram Cristo se tornaram revolucionários. Os judeus que rejeitaram Cristo se tornaram revolucionários ao pé da cruz, mas o sentido completo de sua decisão só se tornou evidente 30 anos depois, quando os judeus se rebelaram contra Roma, e Roma respondeu destruindo o Templo. A partir de então, os judeus não tiveram templo, nem sacerdócio, nem sacrifício, e como resultado não tiveram maneira de cumprir a antiga aliança. Observando o desenlace da batalha de Jerusalém, um rabino de nome Jochanan ben Zakkai conseguiu escapar de Jerusalém sob um manto e, depois de ser reconhecido como partidário de Roma, foi-lhe concedido o privilégio de fundar uma escola rabínica em Javne.
Assim é que, 30 anos depois da fundação da Igreja, nasceu o Judaísmo moderno, o Judaísmo tal como hoje o conhecemos. Os judeus já não eram filhos de Moisés levando a cabo certos rituais para cumprirem sua aliança. O Judaísmo havia se tornado essencialmente uma sociedade de debates porque, na ausência de um Templo, isso era tudo que os judeus podiam fazer. O resultado desses intermináveis debates foi o Talmude, que foi escrito ao longo dos seis séculos seguintes.
O debate não ajudou a erradicar o espírito revolucionário dos judeus. De muitos modos intensificou-o, quando os ensinou a desejarem um Messias militar. Os judeus obtiveram seu Messias militar aproximadamente 60 anos depois da destruição do Templo, quando Simão bar Kokhbar se levantou contra Roma no ano de 136. Todos os rabinos de Jerusalém reconheceram bar Kokhbar como o Messias, e como para confirmar que o Judaísmo racial havia perdido todo o sentido, os judeus cristãos foram expulsos porque não o reconheceram.
A expulsão dos judeus cristãos no tempo de Simão bar Kokhbar ratificou que o judeu não era um conceito racial, mas teológico. O fator determinante para ser judeu se tornou a rejeição a Cristo, e essa rejeição levou inexoravelmente à revolução. Quando rejeitaram Cristo, os judeus se tornaram revolucionários. Nos últimos 2.000 anos, a história tem sido uma batalha entre os descendentes espirituais desses dois grupos de judeus: os que aceitaram Cristo como o Messias e os que o rejeitaram. A história se tornou, em certo sentido, uma luta interna judaica ao pé da cruz.”
(E. Michael Jones, The Conversion of The Revolutionary Jew)