segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

"O justo paga pelo pecador"

“O justo paga pelo pecador” é uma das frases mais nefandas da história. O que ela exprime é um modo de agir e pensar de Deus que no âmbito sobrenatural nada tem de errado, mas quando adaptado à realidade natural torna-se fonte de tormentos. Pois tomada como norma geral, essa desnaturação leva à destruição da justiça, sendo exatamente aí que revela sua inconsistência, ou seja, na indiscriminada analogia; pois de um lado temos as realidades inefáveis e inalcançáveis, a vida íntima da Santíssima Trindade, e de outro as pesadas inconsistências deste vale de lágrimas, com as barreiras da vontade. O sofrimento age como santificação apenas no âmbito estrito da imitação de Cristo; sob a ação da graça e com a cooperação livre do sujeito, não como algo imposto. E com esse erro se justificam as piores arbitrariedades e opressões da história, quando é conveniente justificá-las, como as matanças de Simon de Montfort – “Deus saberá distinguir quais são os Seus” – e a colocação do fardo econômico da irresponsabilidade alheia sobre os ombros de toda a população pelo Estado keynesiano, quando este resgata da falência bancos e empresas, os chamados bailouts. Sem uma Igreja que oriente o rebanho, repassando a fé como foi transmitida, sem nada acrescentar nem retirar e dando a exata interpretação, as idéias cristãs tornadas loucas são as idéias motoras das mais sangrentas revoluções e das mais revoltantes injustiças.