quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Uma civilização não pode durar sem elites verdadeiras

“A conclusão a que chegamos, após análise tão alongada, será breve e clara: uma civilização não pode durar sem elites verdadeiras. É preciso que a sociedade as recupere, caso não queira submergir na barbárie. Diante dos olhos evidencia-se o inventário dos recursos – se ao menos nós o consultássemos! – em sua trágica antítese: por um lado, imensos meios de realização e técnica incomparável, conhecimento de detalhes elevado ao infinito; por outro, a ausência quase total da finalidade humana, o silêncio prodigioso sobre a questão fundamental: “para onde vamos?”, a derrocada do sentido de convergência. A saúde ameaçada da civilização depende da solução que daremos ao problema da rearticulação entre os meios e os fins. Ninguém duvida da dificuldade da solução; à primeira vista, o obscurecimento dos modelos vivos torna-a impossível. Por que é tecnicamente desenvolvida e humanamente atrofiada, perecerá a civilização? De fato, isso não é nada. Se a grande cadeia dos modelos intermediários – os santos, os gênios e os heróis – perdeu o poder de atração, nos sobram nas extremidades dessa corrente dois tipos que ainda guardam o valor de exemplo: o Verbo Encarnado e o pai e a mãe de família. No cristianismo e no lar ainda se encontram inalteráveis os exemplos vivos da vida total. Nosso destino está preso à persistência dessa conjugação. Demais, a família cristã é o único lugar da terra onde ainda é possível, se quisermos, manter a elite. Se quisermos! Está tudo aí... Devem pai e mãe se comportar de tal maneira que os filhos possam admirá-los, aprová-los, imitá-los e descobrir neles os modelos de homem e cristão e os exemplos vivos de finalidade natural e sobrenatural; a subordinação dos meios aos fins reduz-se a um jogo quando se encarna lúcida e voluntariamente.
Destarte, pelo contágio do exemplo, hão de nascer elites novas, humildes, sólidas e verazes – no segredo do coração em oração perpétua, no segredo do lar de lume brilhante.”
(Marcel de Corte, L’homme contre lui-même)

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