“Os socialistas defendem a lei do progresso, ou seja, que a sociedade humana está em marcha para maior felicidade e justiça. É sempre uma esperança no futuro, não numa outra vida, conforme ensina a Igreja, mas nesta vida mesmo, ao mesmo tempo que esse futuro utópico nunca se realiza. Em outras palavras, criticam os católicos por pautarem suas vidas numa vida extraterrena, mas oferecem as suas em prol de uma causa cuja esperança é sempre futura e quiçá irrealizável. O progresso defendido por eles é necessário e indefinido. A partir disso pode-se dizer: um progresso necessário só poderia ser tal se a existência do universo fosse necessária. Portanto esse progresso se relaciona com Deus da seguinte forma: se é necessário para Deus criar, então de alguma maneira esse ato o aperfeiçoa, i.e., há mais perfeição para Deus em criar do que não criar; logo, como todas as perfeições pertencem à essência de Deus, a criação se relaciona com a essência de Deus. Cai-se no panteísmo. Ademais a substância existe com seus modos. Se a substância contém em si a razão necessária de sua existência, então seus modos também são necessários. Assim não há idéia de progresso, já que essa idéia envolve a idéia de novas perfeições a acrescentar às já existentes. Afinal, essas perfeições têm que existir em algum lugar. Para ser possível uma perfeição no ser contingente, ela já tem que existir no ser necessário. Então o ser necessário já possui a perfeição e não é susceptível de progresso. E se já possui essa perfeição no mais alto grau, então ele não pode se submeter à necessidade de reproduzi-la fora dele. Portanto, a lei do progresso necessário é absurda. Ademais, se o progresso é necessário, ele é eterno; se é eterno, então já passou por uma infinidade de graus antes de chegar ao seu estado atual. Por que se está, então, distante do seu fim? Como acrescentar graus novos a uma escala infinita? Se todos os seres começaram a progredir juntos, como podem vários estar atrasados? Assim o Pe. Henri Ramière refuta a lei do progresso em seu excelente livro “O Reino de Jesus Cristo na História: Introdução ao Estudo da Teologia da História”.”
(Renato Salles,
Princípios Diretores do Socialismo)
http://renatosalles.blogspot.com/2010/10/principios-diretores-do-socialismo.html
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