“Na Grécia antiga não existia nenhuma lei contra o aborto, porém Hipócrates, o “pai da medicina”, era contra essa prática, a não ser que a saúde da mulher estivesse em risco. Hipócrates tinha ainda algumas recomendações de métodos contraceptivos, como afirma Nikolaos Vrissimtzis:
“… recomendava que, se fosse necessário evitar a gravidez, as relações sexuais deveriam ocorrer nos dias inférteis do ciclo menstrual. Outro recurso era a relação sexual no período da menstruação.”
Utilizavam ainda para impedir a fecundação o coito interrompido, e como técnicas abortivas aplicavam até encantamentos mágicos, veneno e drogas como espermicidas, ferro sulfúreo e carbonato de chumbo. Nikolaos Vrissimtzis também aborda descrições de escritores sobre esse assunto:
“Segundo Dioscórides (Matéria Médica), se uma mulher grávida pisasse sobre uma raiz de ciclâmen, abortaria. Ainda de acordo com o mesmo escritor, a raiz de aspárago, levada como amuleto, tornaria a pessoa estéril (ibid,151). Plínio diz que, se uma mulher grávida comesse ovo de corvo, provocaria o aborto (História Naturalis, X, 32).”
Lydie Bodiou relata também algumas receitas abortivas realizadas na Grécia, como: “Pegue uma pitada de grão leucoium, cinco ou seis bostas de cabras, misture em vinho de muito bom aroma. Então administre uma boa fumigação preparada com água e óleo e feita sobre um assento. Depois da fumigação dê a mistura para beber. Em seguida, lave a mulher e faça deitar; ela comerá couve e beberá o líquido liberado por seu cozimento.”
Os motivos que levavam as mulheres gregas a praticarem o aborto eram inúmeros, desde a estética, para preservar o corpo, a fatores econômicos, como não se ter muitos descendentes para não precisar dividir o patrimônio, além de ser bastante realizado pelas prostitutas a fim de não prejudicar o seu trabalho.
É interessante frisar que para Platão (República, 461) o feto não era um ser humano, e somente depois do nascimento que se tornava então um ser vivente; isso legitimava o aborto, e o tornava aceitável; já o infanticídio era condenado por lei e era considerado um ato criminoso.
Assim, as práticas abortivas e os contraceptivos na Grécia antiga eram utilizados sem restrições apesar de não serem totalmente apoiados pelos médicos, que normalmente incentivavam tais práticas quando eram necessárias para manter a vida da mulher.”
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