“A verdade torna o homem livre (Jo VIII, 32), porque lhe permite escolher aquilo que verdadeiramente lhe proporciona o bem; por isso o homem reto nada estima tanto como encontrar um mestre de grande autoridade que lhe revele o valor das coisas com respeito às quais deve exercer seu livre-arbítrio. Mas a corrupta mentalidade liberal padece da relação liberdade-autoridade como verdadeiro conflito. Para essa maneira de pensar, a liberdade individual é o valor supremo da pessoa; e, de todas as liberdades pessoais, a mais excelente é a liberdade de pensamento.
Para o católico tradicional, a autoridade aperfeiçoa a liberdade ao permitir ao homem escolher com certeza o que mais lhe convém (...). Cada definição do magistério da Igreja é celebrada pelo católico como um novo terreno ganho para o uso seguro de sua liberdade, e ele deseja o máximo exercício do magistério. Para o liberal, em contrapartida, a autoridade restringe a liberdade e por isso, embora reconheça que é necessária para manter a unidade, lamenta como uma perda cada definição do magistério da Igreja e deseja que seu exercício se reduza ao mínimo indispensável.
Para o católico tradicional, o magistério da Igreja é regra próxima da fé comum dos cristãos, porque só a ele foi prometida a assistência do Espírito Santo para conservar integralmente e propor indefectivelmente o depósito da fé. Para o liberal, em contrapartida, o sentir comum dos fiéis é regra próxima do magistério (...). Não seriam os fiéis que devem ler as atas do magistério, mas o magistério que deve ler o coração dos fiéis.”
(Pe. Álvaro Calderón, La Lámpada bajo el Celemín)
Tradução de Carlos Nougué