“Numa revista geralmente séria dos Estados Unidos, “Culture Wars” (Guerras de Cultura), o editor há pouco tempo me censurou severamente, junto com toda a Fraternidade de São Pio X, por nos separarmos voluntariamente da Igreja Católica. Deixem-me apresentar, brevemente e da forma mais honesta possível, o argumento de E. Michael Jones, com seus principais pontos assinalados com letras para facilitar a resposta:
Sua principal opinião é que o problema do Vaticano II não é doutrinal: “(A) Os documentos do Concílio em si mesmos não são responsáveis por qualquer loucura que surgiu após o Concílio em nome de seu “espírito”. Quanto aos documentos, eles são algumas vezes ambíguos, mas (B) Deus está sempre com a Sua Igreja, motivo pelo qual (C) apenas algo Católico poderia ganhar a aprovação dos bispos do mundo inteiro reunidos, como aconteceu no Vaticano II. (D) Portanto, é possível e deve ser suficiente interpretar as ambiguidades à luz da Tradição, como o próprio Dom Lefebvre propôs certa vez.
“Portanto, (E) o Vaticano II é tradicional, e qualquer problema entre Roma e a FSSPX não pode ser doutrinal. (F) Portanto, o real problema da FSSPX é que ela recusa a comunhão por medo de contaminação, (G), procedente de sua cismática falta de caridade. (H) A culpa que daí surge é por eles acobertada por fingirem que a Igreja está numa situação de emergência sem precedentes, provocada pela anti-doutrina do Vaticano II. (I) Portanto, a FSSPX está dizendo que a Igreja falhou na sua missão, e que a FSSPX é a Igreja. Absurdo! Senhores bispos da FSSPX, cedam a Roma!”
RESPOSTA: o problema do Vaticano II é ESSENCIALMENTE doutrinal. (A) Infelizmente, os documentos do Vaticano II são de fato responsáveis pelo “espírito” do Vaticano II e por suas loucas consequências. A sua própria ambiguidade, reconhecida por E.M.J., foi o que deixou a loucura à solta. (B) Deus está realmente com a Sua Igreja, mas ele deixa o seu clero livre para optar por fazer um grande dano, mas nunca um dano fatal (cf. Lc. XVIII, 8). (C) Assim, Ele deixou que houvesse uma queda em massa de bispos na terrível crise ariana do século IV. O que aconteceu uma vez está acontecendo novamente, porém ainda pior. (D) Na fase inicial da luta pós-conciliar pela Tradição, pode ter sido razoável apelar para que o Vaticano II fosse interpretado à luz da Tradição, mas essa fase já passou. Os frutos amargos da ambiguidade já há muito tempo provaram que os documentos conciliares sutilmente envenenados não podem ser reaproveitados.
Assim, (E), o Concílio não é tradicional, e a discordância Roma-FSSPX é ESSENCIALMENTE doutrinal, então (F), há boas razões para temer a contaminação, por causa da falsa doutrina do Vaticano II – que leva as almas para o inferno. (G) Também não existe uma mentalidade cismática entre os tradicionalistas (não-sedevacantistas) apesar de (H) a Igreja estar em meio à pior emergência de toda sua história. (I) Mas, assim como na crise ariana os poucos bispos que mantiveram a Fé provaram que a Igreja não tinha de qualquer modo falhado, do mesmo modo a FSSPX pertence à Igreja e está guardando a fé, sem pretender substituir, ou ser por si própria, a Igreja.
Michael, quando, em toda a história da Igreja, seus bispos reunidos foram deliberadamente ambíguos? Você admite a ambiguidade do Vaticano II. Quando é que clérigos recorreram à ambiguidade a menos que fosse para abrir caminho para a heresia? Na Igreja de Nosso Senhor, sim deve ser sim, e não deve ser não (Mt. V, 37).”
(Mons. Richard Williamson, F.S.S.P.X, Doctrine Underestimated)
http://tradicaocatolicaes.wordpress.com
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